
Já alguém escreveu sobre a raiva?
Já alguém deu dois murros em alguém com vontade de fazer justiça pelas mãos atadas do outro, que também és tu?
Já te socaste no próprio estômago, já vomitaste os dias a fio da submissão, da inércia de dizer, de pensar, em público?
Não?
Então que fazes nesse casulo pateta, assolapado nos ossos de falsos poemas, bebendo drinks de vaidade, na quase sensação de que atingiste a fama?
Quem te deu por direito o mar para navegares nele, quem te disse que a terra era propriedade?
Terra, é o palmo onde enterras a alma, lama onde nunca foste barro.
E a mulher?
Pensas que basta dizê-la e nomeá-la, para que seja tua?
Pateta!
Quero doar o meu corpo já! Antes que sofra. Antes que sôfrego morda.
Sou uma espécie de cão raivoso que não tolera intolerância.
Se um dia eu morrer, mesmo continuando vivo, retirem-me as tripas, façam com elas cordas de guitarra, e por amor de Deus não me cantem em fado.
Porque o meu fado é o fardo de existir em cada pedaço de alma daqueles que combato, certo que combatendo em cada um dos que se cantam, me mato.
Poema é coisa maior. Poema é sal, mel, aguarela, pastel. É tinta a escorrer dos dedos, lágrima que conquista a boca em abismo, uma espécie de sismo…
Quem diz palavras doces devia ser condenado a mil anos de degredo. E isso fosse uma espécie de segredo mal-guardado, e isso fosse o próprio fado mal-fadado.
Contradiz-te, desdiz-te, mente quanto quiseres, mas só se quiseres…
Só se quiseres… (J. Torres)
2 comentários:
quando se assina sete atas fica chato escreve teu nome ._.
"Se um dia eu morrer, mesmo continuando vivo, retirem-me as tripas, façam com elas cordas de guitarra,"
\o/
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