domingo, 12 de julho de 2009

Sua solidão machucava a si e a todos que estavam ao seu redor. Mas espere, quem estava ao seu redor para ser machucado?

Ela não era feliz. As únicas coisas que possuía e que tinha certeza que teria para sempre, eram seu nome e seu C`F. Na verdade o CPF ela não possuía mais; acabara de perdê-lo no metrô (já deveria estar muito longe agora...). Ok, ela só tinha um nome!Era azarada. Tinha muitas marcas pelo corpo. Não de violência, feita por desconhecidos. Não de um pai bêbado que chegava em casa e batia na própria filha por não conseguir emprego (óh, como ela queria um pai, mesmo que a maltratasse; ela queria poder ter um pai para dizer que tinha um pai). Não de uma surra bem dada por uma mãe decepcionada que a pegou saindo de casa, pela janela, para um festa depois da meia-noite (óh, como ela queria uma mãe; e se a tivesse nunca a decepcionaria assim, ela era esperta e daria um jeito de sair sem fazer barulho). Eram apenas hematomas de quando ela caía no meio de uma corrida para pegar o metrô, chegar em casa e ficar aliviada, pois lá, era o único lugar onde se sentia protegida, onde nada nem ninguém poderia atingi-lá. A não ser os cobradores de impostos, é claro, eles sempre corriam atrás dela. Com tanto azar que tinha até contas que nunca foram suas já teve de pagar. Não gostava de confusão, então as pagava para não ter ninguém conversando com ela mais de 10 minutos.Ela realmente não tinha pai nem mãe, para lhe pegar no pé. Não tinha irmão nem irmã para brigar e levar a culpa no final. Não tinha tios mais próximos para visitar e comer o bolo de chocolate preferido que a tia fazia só para agradá-la. Não tinha nem amigos próximos para rir nas horas engraçadas, para ter um ombro onde chorar nos momentos de tristeza, nada. Ela não tinha nada nem ninguém. Nem um peixinho dourado para ter com quem se preocupar.Morava sozinha em um apartamento completo. Tinha cozinha, um banheiro, dois quartos e uma sala. Na cozinha havia uma geladeira grande, onde cabia a comida suficiente para ela e mais ninguém; um fogão a gás onde tentava cozinhar, nunca conseguindo; uma mesa com quatro cadeiras que não lhe serviam para nada, ela era sozinha e ponto (.) e um microondas novo em folha, nunca usado.O banheiro possuía tudo que um banheiro de uma pessoa com muito dinheiro possuía, sem excessão, é claro, da banheira de hidromassagem.Na sala uma televisão enorme, em cima de uma estante branca com deralhes em preto, com dois sofás postos de canto, na frente de uma parede vermelho vinho.O quarto daria inveja a garota mais patricinha que participara do Sweet Sixteen da MTV. Um carpete rosa bebê ocupava todo o chão do quarto, paredes azul céu, com uma cortina verde limão. uma cama 3/4 com colchas roxas combinando com os travesseiros violetas, um computador ao canto, preto, que quase nunca havia sido usado, uma porta ao lado da cama, mais conhecido como closet, onde guardava as mais lindas roupas e de última linha. Um quarto invejável para qualquer um!'Dois quarto para quê?', se perguntou quando entrou no apartamento pela primeira vez, 'Sou só uma e nunca trarei ninguém para dormir aqui!'. Mas foi aí que ela entrou no quarto e se deparou com o paraíso. Lá dentro haviam instrumentos novo em folha, nunca usados, '0 km'. Uma guitarra, um violão, um teclado, uma bateria, um piano de canto; era praticamente um estúdio.Ela realmente não tinha do que reclamar!Mas antes de falarmos do presente, para depois falarmos do futuro, vamos ter que dar uma olhada no passado dela...

3 comentários:

Anônimo disse...

Me identifiquei com a parte da MTV!
hsauhsuhas
Muito perfeito! Amei

Nath disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nath disse...

MUITO bom, mesmo!
Achei meio melancólico, mas lindo.

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