terça-feira, 5 de outubro de 2010

Um texto tão "Carla"...

Hoje, sinto-me como uma folha de árvore no Outono, que se deixa levar pelos fatores do tempo, que é calcada pelas pessoas, e é olhada como lixo não reciclável. Já são semanas que tento chegar perto daquele teclado e nada sai, nem as músicas são mais as mesmas de antes... parece que não são mais tão boas quanto antes. Parece que simplesmente estão aí para serem tocadas. Nenhuma nota me é mais tão clara quanto uma vez. Não sei se perdi o ouvido, a prática ou alguma outra coisa que posso chamar de trágica. Levanto-me de manhã, cheia de sono, me olho no espelho e penso que o dia será o mesmo de todos os dias. Parece-me tudo tão igual, tão monótono. Dirijo-me à parada, entro no transporte, sento-me e lá vou eu, para mais um dia triste e vazio.
Permaneço nas aulas, com imensa vontade que o dia chegue ao fim, que possa ir para casa, para me isolar, para ficar sozinha e pensar. Neste momento, sinto uma enorme desmotivação em relação ao mundo e a vida nele. Tudo simplesmente parece igual. E sinto na pele os dois meses que faltam para tudo acabar. E rezo para que esses dois meses passem o mais rápido impossível. Mas como passarão rápido se tudo é o mesmo dia? Se tudo é a mesma coisa? Não tenho vontade de falar, nem ver ninguém. Não tenho vontade de cumprir as minhas obrigações de estudante e de ser humano. Não me consigo olhar ao espelho, sem me apontar defeitos. Nem consigo ouvir uma música, sem chorar.
O telefone toca de dois em dois minutos, e eu penso sempre se vou responder, sem força para carregar nas teclas duras e frias, vou respondendo, mas sem qualquer vontade. Á noite, quando me deito para dormir, enquanto o sono não chega, penso no meu dia, no que não fiz e no porquê de não fazer. Pensar, dá-me vontade que o dia chegue, e fazer aquilo que ultimamente não tenho feito. Adormeço na esperança que o dia a seguir vai ser melhor. Mas quando me levanto, a vontade já não está lá e o dia acaba por ser triste e vazio, somente com a mesma vontade de me isolar. Tenho saudades de ser a menina/mulher que um dia me disseram que eu era. Tenho saudades de sentir toda aquela atenção voltada PARA MIM! Tenho vontade de gritar quando não prestam atenção em mim. E aí paro e penso? Será que tudo é sobre mim? Não! Nada é sobre mim. Tudo é sobre o que eu fiz ou deixei de fazer. E agora sinto toda aquela obrigação de ir a um acontecimento que sonhei tanto em ir, mas agora que chegou não sinto nenhuma vontade nem de falar no assunto. Tanto tempo ri, sorri e falei 'depois da formatura!' e agora não quero participar do acontecimento 'formatura'. Conclusão? Não contarei nada que aconteceu e levarei comigo ao túmulo detalhes de um verão, contos debaixo de uma ponte, o porquê da mochila ficar tão para cima ou a dança de toalha com Hilary Duff. Deixarei de lado tudo o que aconteceu em três anos para simplesmente pegar o histórico e ir embora como se nada daquilo tivesse acontecido. Outro dia me deixaram em uma situação tão chata quanto o Tiririca cantando '2222, deputado federal ♪'. Mas foi nesse dia que parei e pensei o quanto sou egoísta. Um sentimento e uma ação que me dão medo por serem características de um psicopata. Que me deixaram mais amedrontada ainda levando em conta que só penso em isolar-me desse mundo. Eu iria no tal acontecimento pelas pessoas que fizeram dos meus três anos quase perfeitos (por mais ruins que tenham sido), mas... de que adianta eu ir por eles sendo que não iria por mim? Vi tanto de alguém que não conheço em mim que fiquei abismada. Quero voltar a sorrir, quero voltar a dançar em frente do espelho sem passos certos, quero voltar a ter vontade de ir á escola e ser sociável, quero voltar a tocar as músicas por diversão, não obrigação, quero voltar a ser feliz durante os dias de semana TAMBÉM!, quero tudo de bom que antes era meu e agora não sei onde foi parar... quero voltar a ser EU!

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